Um brinde ao associativismo raiz

Um brinde ao associativismo raiz

Tarde de sábado, 21 de setembro de 2024. Com o inverno vivendo suas últimas horas de altas temperaturas, a Lapa de Baixo, antecipando a primavera em 15 horas, nos presenteava com as flores de cidadania.

Na ampla casa térrea da Rua Belchior Carneiro, 100, um grupo de lapeanos raiz e amigos de primeira hora, numa cerimônia muito simples e singela recolocaram em atividade a Associação Amigos da Lapa de Baixo (AALB), que por mais de três anos permaneceu praticamente inativa.

A nova presidente da AALB é uma guerreira do bairro Selma Barbosa, que assume a direção de uma entidade funfada em 1967, tendo por nome Sociedade Amigos da Lapa de Baixo (SALB). Nos anos 2000, por obrigação legal a SALB deixa de ser Sociedade e passa a ter novo denominação como Sociedade.

Quem conviveu com a velha guarda da AALB – e aqui não há como esquecer dos saudosos Décio e Eurico Ferreira – teve a oportunidade de interagir com um associativismo de bairro raiz, que reunia os moradores do bairro, levantava bandeiras por melhorias locais e, sobretudo, valorizava as relações de convívio, vizinhança e amizade.

O trabalho voluntário dos homens e mulheres da velha guarda da AALB, abraçava e protegia o bairro sem se deixar contaminar pela política ou por questões ideológicas.

Ao defenderem o território onde nasceram, cresceram, casaram e viram seus filhos brincarem, diretoria e associados faziam questão de compartilhar essas experiências com outras associações de bairro da Lapa, Vila Romana, Vila Ipojuca e Leopoldina, entre outras.

Selma Barbosa (na foto, ao centro, com a nova diretoria) conviveu todo esse clima de cidadania e de paixão pela Lapa de Baixo. As experiências e memórias desse tempo dourado do associativismo de bairro, certamente a guiarão na recondução da AALB ao patamar de protagonista no cenário do associativismo de bairro lapeano.

Parabéns, Selma e toda a diretoria da AALB.

Sábado de sol convidando a nossa reportagem a percorrer as ruas da Leopoldina. Aí vem a vontade de quebrar rotinas. Decisão tomada: vamos cruzar fronteiras, ultrapassar a Ponte dos Remédios em direção à Vila Piauí, para rever uma amiga de longa data.

O destino era Praça Camilo Castelo Branco, a praça do a praça do coreto e da Paróquia Nossa Senhora de Aparecida, que aos sábados recebe a feirinha com comidinhas e peças de artesanato.

E foi lá que reencontramos Lúcia Maria Oliveira, liderança dos velhos tempos de lutas comunitárias da Associação Amigos da Vila Piauí.

Lúcia faz parte da movimentação fa feirinha com seu cantinho de doces e sucos naturais. No ângulo oposto, os acordes de uma flauta bem tocada nos convidavam a sentar e deixar o tempo fluir como uma praça do interior.

No bate papo regrado a memórias de um passado que marcou época no associativismo de bairro, impossível não falar da figura do saudoso Boneli, a emblemática liderança comunitária que nos deixou em 2011. “Para que eu vou chorar”, disse Lúcia após termos mostrado o vídeo de entrevista onde Boneli falava da Leopoldina de outrora.

Boneli e Lúcia levantaram grandes bandeiras em defesa da Vila Piauí, como as obras no córrego Rio Vermelho. “Hoje não temos mais alagamentos que isolavam a AMA e a UBS. Foi uma luta vencedora”, recorda a “piauiense” raiz.