Árvores caem, ativistas se levantam
O Prefeito Ricardo Nunes convidou a população do entorno do Bosque dos Salesianos a se tornarem ativistas.
O Movimento @salveobosque foi construindo sua resistência passo a passo. Um grande abraço no Bosque, faixas identificando os condomínios do entorno engajados, grupos de mobilização crescente, associações, advogados e apoio do @cadeslapa que documentou a importância da área para uma cidade mais sustentável e resiliente as questões climáticas.
O bosque, destinado a preservação, foi desprotegido pela legislação municipal e oportunizou sua venda. Tudo poderia ter sido evitado se a area não fosse tão cobiçada.

A causa ganhou pulso com a derrubada de 108 árvores no dia 4/11 (terça-feira). No mesmo dia, o prefeito Ricardo Nunes, lançava a campanha da Agenda São Paulo Mais Verde no Parque Villa Lobos.
As árvores caíram sem aviso prévio, sem manejo de avifauna, sem respeitar a vida de quem morava no bosque, sem escuta das Secretaria de Licenciamento (SMUL). Após o licenciamento ser autorizado pela @svmasp Secretaria do Verde e Meio Ambiente, e a compensação ter sido produzida pelos técnicos Subprefeitura Lapa em reuniões com a incorporadora Tegra desde maio/2025 sem aviso. O que a campanha São Paulo Mais Verde não contava era que não existe uma compensação para áreas com tamanha qualidade ambiental desse bosque. No topo do espigão da Cerro Corá, cabeceira do córrego Fortunato Ferraz, árvores longevas e Avifauna em área de transição das aves, era acima de tudo uma area de proteção ambiental.
Dois dias depois da queda das árvores na Praça John Lennon (6/11), no Alto da Lapa, aconteceu a entrega dos caminhões novos da @loga. Os veículos movidos a biometano, trouxe o Prefeito para a vinhança novamente. No encontro, os moradores e simpatizantes já não gritavam “Assassinos!” mas repetiam o bordão “Salve o Bosque” e empunhavam a faixa e a dor das árvores caídas. Ignorando o grupo, Nunes continuou seu discurso. Em um dado momento parou, cansado de ter a atenção desviada, ofereceu ao grupo o rótulo de não civilizados e outras ofensas que correram largamente na mídia durante a semana.
A queda das árvores deu início ao Luto. Palavra essa que tem se transformado em Luta. A vizinhança do bosque, subestimada, já não é mais silenciosamente organizada e discreta. Foi até a congregação dos Salesianos e derramou sangue dos moradores do bosque. O grupo está se atualizando dos processos judiciais que envolve a disputa. Fez do muro do terreno e do portão um memorial, tem realizado reuniões mais robustas cada vez com mais gente.

No dia 15/11 o grupo chegou a Marcha do Clima em São Paulo com sua faixa e cartazes. Foram reconhecidos por seus pares. Também encontraram pessoalmente outros movimentos criados no calor da necessidade. Agora, o Bosque, faz parte da lista de tragédias ambientais da cidade. Não estão sozinhos, nunca estiveram, mas agora não são mais os que esperam. Foi bonito de se ver. Estão caminhando para mudar o fim dessa história.


